terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A ERA DOS PATRIARCAS

A ERA DOS PATRIARCAS 

O livro do Gênesis traça a linhagem de Israel até Abraão, o nômade monoteísta que, conforme Deus prometeu, seria "o pai de uma multidão de povos" cujos filhos herdariam a Terra de Canaã. A promessa divina e a identidade étnica de Israel foram transmitidas de geração a geração - de Abraão a Isaac e a Jacó. Tangidos pela fome, Jacó e seus filhos - progenitores das 12 antigas tribos de Israel - foram forçados a abandonar Canaã e a migrar para o Egito.

A arqueologia moderna não encontrou nenhuma prova direta que confirmasse o relato bíblico. Mas isso não causa surpresa a estudiosos como Barry J. Beitzel, professor de línguas semíticas e do Velho Testamento na Trinity Evangelical Divinity School, no estado americano de Illionois. Essas são apenas "histórias familiares" de um nômade desconhecido e seus descendentes, diz Beitzel, e não história geopolítica do tipo que costuma ser preservada nos anais de um reino.

Kenneth A Kitchen, egiptólogo e orientalista agora aposentado pela Universidade de Liverpool, na Inglaterra, sustenta que a arqueologia e a Bíblia "se harmonizam" quando descrevem o contexto histórico das narrativas dos patriarcas. Na passagem do Gênesis 37:28, por exemplo, José um dos filhos de Jacó, é vendido como escravo por 20 moedas de prata. Kitchen assinala que esse era o exato preço de escravo naquela região, no período compreendido entre os séculos 19 e 17 a.C., como ficou comprovado por documentos recuperados na região que é hoje a Síria e o Iraque.

Outros documentos revelam que o preço de escravos subiu de forma contínua nos séculos seguintes. Se a história de José foi inventada por um escriba judeu do século 6º, como sugerido por alguns céticos, por que o valor citado não corresponde ao preço da época? "É mais razoável supor que a informação da Bíblia reflita a realidade", diz Kitchen.

FUGA DO EGITO

Já foi dito que a dramática história do Êxodo - de como Deus libertou Moisés e o povo judeu do cativeiro no Egito e os guiou à Terra Prometida de Canaã - é a "proclamação central da Bíblia hebraica". Mas os arqueólogos não descobriram, fora da Bíblia, qualquer prova concreta que dê sustentação a essa história, nem à própria existência de Moisés.

Mas Nahum Sarna, professor de estudos bíblicos da Universidade de Brandeis, afirma que o relato do Êxodo - que liga a origem de uma nação à escravatura e à opressão - "não pode, de modo algum, ser uma peça de ficção. Nenhuma nação inventaria para si mesma uma tradição assim tão inglória", a menos que houvesse um núcleo verídico. William G. Dever, arqueólogo da Universidade do Arizona, observa: "Escravos, servos e nômades costumam deixar poucos traços nos registros arqueológicos."

A data a ser atribuída ao Êxodo é outra fonte de controvérsia. Em 1 Reis 6:1, encontramos o que parece um marco histórico claro para o fim da estada israelita no Egisto: "E sucedeu que no ano de quatrocentos e oitenta, depois de saírem os filhos de Israel do Egito, no ano quarto do reinado de Salomão sobre Israel (...) começou a edificar-se a casa do Senhor." Mas a data não coincide com de outros textos bíblicos nem com o que se sabe da história egípcia.

Sarna e alguns estudiosos alegam que o período citado - 480 anos - não deve ser tomado ao pé da letra. "São 12 gerações de 40 anos cada uma", explica o professor. O número 40 é "um número convencional na Bíblia", usado com freqüência para designar um longo período. Ao se ler a cronologia do Primeiro Livro de Reis sob essa perspectiva - isto é, como uma exposição teológica e não como história pura -, pode-se colocar o Êxodo no século 13 a.C., na época de Ramsés II, em que há forte sustentação, circunstancial nos registros arqueológicos.

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